Hoje resolvi ser futurista. Todos temos qualquer coisa de Nostradamus, de prognósticos só no fim. Parafraseando Martin Luther King, eu tive um sonho, não um sonho em que todos os homens serão livres e iguais, mas um sonho em que Sá Fernandes ganhava a Câmara de Lisboa. Sim, esse independente apoiado pelo Bloco de Esquerda, (nunca percebi como se é independente tendo o apoio de uma força política, mas ele é advogado, deve saber...) chegava a edil da muy nobre e altiva cidade de Lisboa. Senhoras e senhores, eis o Dr. Embargo!
Imaginem o que seria o medo de todos os habitantes da velha Olissipo, ditatorialmente administrada: Todos os que, pelo menos uma vez na vida (e são muitos), tinham quebrado as regras... Um poliban aqui, uma cozinha nova ali, ou, para os mais aventurados, uma esplendorosa marquise em alumínio anodizado nas encostas do Castelo. TUDO ABAIXO! Tudo embargado! O Sr. Lopes do 4ºC gastou o reembolso do IRS no AKI para revestir o hall com uns azulejos andaluzes? VAI ABAIXO! Assim como as faianças de casa de banho da D. Gertrudes, que além disso vai ter que tapar aquela janela que abriu para arejar e pousar a gaiola do periquito....
Que caótica estava Lisboa, com uma obra embargada do Marquês às Amoreiras, exércitos de Bobcats e Caterpillars encostados a apodrecer qual ferro velho industrial. Edíficios meio feitos (ou meio desfeitos), tuneis de metro cheios de água, fazendo da área metropolitana a Capital Europeia do embargo, isto sem contar com os milhões de Euros gastos a iniciar as obras e depois a pagar indemnizações aos empreiteiros, essa raça odiada e perseguida até à completa aniquilação, ecoando pelo anoitecer uma gargalhada diabólica que percorria as 7 colinas...
As mesmas colinas formadas pela cobra gigante morta por Ulisses...
Já agora não vos fica mal saber isto, que Lisboa foi, segundo a lenda, fundada por Ulisses, e é com a chegada dos Romanos que a baptizam de Olisipo (Felicitas Ivlia Olisipo).
Acordei! Dei com a cabeça na mesa de cabeceira e acordei... Bolas, que pesadelo este. Parecia o ditador Charlot no grande ecrã... Para aqueles que como eu gostam de Lisboa, e ainda têm a hipótese de lá votar, um conselho: Já que ninguém lhe embargou o parto, vamos pelo menos nós embargar a eleição. Boa?